Acordeon em Jaraguá do Sul: da época de Escolástica Cercal aos dias atuais por Ademir Pfiffer – Historiador

Instrumento se tornou significativo culturalmente, em Jaraguá do Sul, no século XX

No transcorrer do século XIX, por volta da década de 80, segundo o livro de historiador Emílio da Silva (p. 41), Escolástica Cercal, esposa do senhor Joaquim Francisco de Paulo era afamada sanfoneira no Domínio Jaraguá. Portanto, o primeiro registro da presença do instrumento do acordeon, também conhecido pelo nome popular de sanfona e gaita.

A origem do instrumento é chinesa (2.700 A.C.), mas ganhou difusão e fama como ferramenta de cultura dos acordes musicais, no continente europeu, entre italianos e germânicos (alemães e austríacos).

No transcorrer do século XX, o instrumento se tornou significativo culturalmente, em Jaraguá do Sul. Assim, na década de 20, o pioneiro Angelo Piazera, na Barra do Ribeirão Molha (atual território da Prefeitura) edificou uma construção e instalou um conjunto de equipamentos importados, para fabricação de gaitas, que originou a marca “Piazera”. A esposa do senhor Emil Borow foi uma das funcionárias pioneiras da fábrica, pois, coube a ela, fazer o afinamento dos foles, geradores dos acordes musicais.

No limiar da década de 30, a empresa foi vendida ao senhor Alfredo Hering, empreendedor que incorporou os equipamentos comprados da marca Piazera, ao patrimônio industrial dos foles da Hering, em Blumenau, cuja marca continua presente no mercado competitivo.

Em 2017, a fábrica foi comprada pela SHG Indústria e Comércio de Instrumentos Musicais LTDA, do empreendedor, Horst Schreiber, o qual trabalhou na ferramentaria das gaitas Hering, durante aproximadamente 27 anos.

A presença do acordeon tornou-se referência instrumental na história da música, sobretudo, a folclórica, na sociedade jaraguaense. Assim, são lembrados e podemos elencar os acordeonistas, Simphronio Rosa – morador da Estrada Nova – irmãos Gadotti (Retorcida/Nereu Ramos), Adelia Piazera Fischer, Félix Wolf (queijeiro da Firma Weege), Wiegand Siewerdt, Reno Köpp, Hilbert Voelz, Arno Rux, Ademar Fischer, Sebastião Cordeiro -Tiãozinho do Acordeon – Reiner Modro, Rafael Petry, Carla Boaventura, Sérgio Ulrich, Armelindo Stolf, entre outros e outras.

Por inciativa da diretoria do Botafogo Futebol Clube, a “Estrela Solitária”, entre os anos de 2006 a 2017, o placo da entidade associativista serviu para difusão da música da cultura germânica, que, também oportunizava o estímulo a participação dos músicos do instrumento do acordeon, dos vales Itapocu e Itajaí. Apesar de o instrumento musical ser tão popular e significativo na história da música regional e local, no transcorrer do tempo perdeu-se o exemplar de fabricação da marca Piazera.

Dessa forma, há uma lacuna patrimonial nas coleções dos acervos dos museus da cidade jaraguaenses, cujo desafio dos gestores das unidades museológicas é resgatar o instrumento musical em algum estado da federação do Brasil, guardado ou em uso. Será que ainda existe um exemplar do instrumento musical da marca Piazera, em Blumenau, no Museu da Hering ou em Timbó, no Museu da Música?