Confira o artigo de Marcello Natale
Mark Zuckerberg quer trazer o Facebook e o Instagram de volta às suas origens. Pelo menos, é o que ele sugere no vídeo recente publicado no Instagram, em que anuncia mudanças significativas nas políticas de moderação de conteúdo das plataformas. A mensagem central: simplificar regras, reduzir erros e colocar a liberdade de expressão no centro do debate. Uma postura ousada, mas cheia de implicações.
Zuckerberg destaca que os sistemas complexos criados para moderar conteúdo acabaram gerando muitos erros. Pequenas taxas de equívoco, em escala global, significam milhões de postagens removidas ou reduzidas indevidamente. E isso, segundo ele, prejudicou mais do que ajudou.
Para resolver o problema, a Meta planeja substituir os fact-checkers por um sistema de “notas comunitárias”, como o adotado pelo X (antigo Twitter). Também promete suavizar filtros automatizados, priorizando violações graves ou ilegais e ajustando seu funcionamento para minimizar a censura.
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Além disso, Zuckerberg sinaliza uma mudança cultural na Meta. Políticas que restringiam certos temas, como imigração e gênero, serão revisadas. Ele reconhece que o objetivo inicial de inclusão acabou resultando em exclusão de opiniões divergentes. Outro ponto polêmico é a reintrodução de conteúdo político nas recomendações das plataformas, algo que havia sido despriorizado recentemente.
Essas mudanças marcam uma ruptura com os anos recentes, nos quais as redes sociais da Meta enfrentaram forte pressão para combater desinformação, discurso de ódio e conteúdo nocivo. A proposta de “voltar às raízes” levanta questões importantes: é possível equilibrar liberdade de expressão e segurança online? Como evitar que menos moderação acabe fomentando a toxicidade e a polarização?
Zuckerberg também dá um passo político, defendendo que as plataformas americanas precisam do apoio do governo dos EUA para resistir às pressões regulatórias de outros países. A transferência de equipes de moderação da Califórnia para o Texas reforça o movimento simbólico em direção a estados e valores considerados mais alinhados à liberdade de expressão.
Se, por um lado, a Meta tenta recuperar a confiança de um público que se sentiu censurado ou injustiçado, por outro, corre o risco de alienar quem via nas políticas mais rígidas um sinal de responsabilidade social. As plataformas podem atrair usuários cansados de filtros e restrições, mas também podem reacender debates sobre sua responsabilidade diante de conteúdos perigosos.
A Meta está apostando alto em um discurso de liberdade. O desafio será convencer governos, usuários e anunciantes de que esse modelo é sustentável. No fim das contas, a grande questão é: será que o “retorno às raízes” é mesmo um avanço?
Artigo: Marcello Natale
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