“Só serei candidato se esse for o desejo da maioria”, diz Lunelli sobre candidatura ao cargo de governador
Em entrevista ao jornalista Marcos Schettini, do portal Lê Notícias, o prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, falou sobre a administração que realizou nos últimos quatro anos e os plano para o próximo.
Nome ventilado para disputar o Governo do Estado em 2022, Antídio Lunelli garante que só será candidato se esse for o desejo da maioria e se sentir que terá espaço para fazer uma gestão no modelo que acredita.
Confira a entrevista abaixo:
Marcos Schettini: O Sr. venceu um pleito com uma vantagem com quase 71%. O eleitor entendeu seu modo?
Antídio Lunelli: É um percentual que não deixa dúvidas. A população foi às urnas e demostrou que se sente bem representada. Aprovou a condução econômica, as obras, os serviços prestados, a guerra que travamos contra a burocratização e a transparência que sempre valorizei. Alcançamos a primeira reeleição da história de Jaraguá do Sul, também fizemos a maior votação de todos os tempos e a maior diferença para o segundo colocado. Disse logo depois da apuração para minha equipe que esse foi um resultado que aumenta nossa responsabilidade. Precisamos fazer mais do que fizemos e olha que conquistamos avanços importantes em todos os setores. Fiquei feliz, me senti ainda mais motivado.
Schettini: Pelo fato de o Sr. ser muito bolsonarista, não atrapalha seu futuro político no MDB?
Antídio Lunelli: Não é segredo que fui um dos primeiros empresários do país a apoiar o Bolsonaro. Isso quando ainda nem se sabia se ele seria mesmo candidato a presidente. Meu apoio foi a uma proposta de mudança, foi um desejo de ajudar a acabar com um esquema que há décadas estava sangrando os cofres públicos. Estávamos normalizando a corrupção, os privilégios e a burocracia. Era preciso uma guinada.
Sobre o MDB, esse é o meu partido, o partido que me abriu as portas, que acreditou nas minhas propostas, que esteve ao meu lado. Tenho críticas pontuais, o que é natural, mas temos ótimos quadros e podemos juntos construir a reformulação de alguns pontos, até para estarmos mais em sintonia com o que a população espera de nós. O mundo mudou e, se não fizermos nada, arriscaremos a ver algo parecido com o que aconteceu em 2018. Um partido dividido e sem entender direito qual era o anseio da população. A sociedade quer partidos que defendam o fim de privilégios, quer que seus representantes trabalhem com responsabilidade, que zelem pelo dinheiro público, que sejam coerentes e eficientes, que tenham coragem de tomar as decisões necessárias e que tenham posições claras.
Schettini: Qual é o desenho de 2022?
Antídio Lunelli: Ainda é cedo para saber, o cenário começa a ser construído a partir de agora. Com o fim das coligações para proporcional, tivemos um redesenho em muitos municípios. O MDB continua sendo a maior força política, seguido por PSD, PSDB e PP. Por outro lado, partidos como DEM, Podemos, Novo, PL, PSL e Republicanos cresceram. Está tudo indefinido e aberto. Será necessário primeiro entender como essas forças vão atuar e como serão avaliadas pelo eleitor.
Schettini: O Sr. quer ser governador de SC ou é só balão de ensaio?
Antídio Lunelli: Sinceramente, eu nunca tinha pensado sobre essa possibilidade até ter meu nome ventilado frequentemente pela imprensa estadual. Fiquei orgulhoso porque foi um reconhecimento ao nosso estilo de governar, buscando resultados, obras de qualidade, serviços eficientes, uma administração feita com objetivo de facilitar a vida das pessoas e proporcionar mais qualidade de vida. Uma gestão mais parecida com a da iniciativa privada. Então não foi uma candidatura construída em gabinete por caciques políticos. É cedo para responder se serei ou não candidato. Mas posso garantir que não tenho nenhuma obsessão pelo poder, não dependo da política e tenho muito trabalho para fazer em Jaraguá do Sul. Só serei candidato se esse for o desejo da maioria e se eu sentir que terei espaço para fazer uma gestão no modelo que acredito. Sou um homem movido a desafios, gosto de superar dificuldades. Vivi na roça, fui empregado e com uma mão na frente e outra atrás, construí com a família uma empresa que hoje nos dá muito orgulho.
Schettini: Dário Berger também é candidato a governador. Como o Sr. olha?
Antídio Lunelli: Sem problema nenhum. Dário tem serviço prestado, está qualificado e tem direito de buscar a vaga. Mas penso que ele lá na frente vai tomar a decisão que for melhor para sociedade e para o partido, consequentemente. Não vai impor um desejo pessoal.
Schettini: A chamada Tríplice Aliança, PSD, MDB e PSDB, tem sua assinatura em 2022?
Antídio Lunelli: Em termos de força política, é uma aliança inquestionável, porém, para mim, aliança tem que ser construída em cima de projeto e como ainda ninguém apresentou qual é o projeto, prefiro não fazer avaliação. Sou contra o estilo tradicional de coligações, por interesses em vagas e cargos. A discussão não pode começar por aí. Não funciona e dá no que a gente já viu. Em Jaraguá mesmo, conquistamos a reeleição em chapa pura. Os partidos que estavam com a gente decidiram apoiar por aprovar a nossa gestão e as nossas propostas. O que eu espero para 2022 é que a gente tenha opções de candidatos preparados para os desafios. Santa Catarina precisa se modernizar, precisa de reformas, de infraestrutura adequada e precisa prestar melhores serviços. Precisa voltar a liderar e vocação para isso nós temos.
Schettini: O senador Jorginho Mello, próximo de Bolsonaro em SC, não divide no mesmo eleitorado a governador?
Antídio Lunelli: Somos amigos, ele foi candidato a senador em aliança com o MDB, temos muitas afinidades.
Schettini: Quando o Sr. esteve presente no lançamento do Aliança Pelo Brasil, em Brasília, não contradiz nas ideias do MDB?
Antídio Lunelli: Eu fui ao lançamento do Aliança porque queria entender qual era a proposta do presidente da República, pois o que ele pensa e faz tem consequência para todos. Foi menos um ato político e mais uma necessidade de entender o cenário, querer conhecer as propostas.
Schettini: Com quais lideranças o Sr. tem conversado dentro e fora do MDB?
Antídio Lunelli: Dentro do MDB, o nosso maior parceiro é o deputado federal Carlos Chiodini, que sempre se destacou por trazer muitos recursos para a região, é uma grande referência em todo Estado, hoje o seu nome se destaca no cenário nacional, sendo vice-presidente da sigla no Brasil.
Mas eu converso com todo mundo. Não sou um político tradicional, mas valorizo o diálogo, a troca de ideias, gosto de conhecer pontos de vista diferentes e principalmente exemplos de sucesso. Em 2019, visitei diversos municípios de Santa Catarina, fui convidado a falar sobre a gestão que implantamos em Jaraguá do Sul e como as mudanças deram resultado. Este ano de pandemia ficamos mais reclusos, mais focados em administrar esta crise toda.
Schettini: Como bom bolsonarista, o Sr. acredita que o coronavírus mata, máscara e distanciamento diminui a contaminação?
Antídio Lunelli: O coronavírus mata, não há dúvida disso. Máscara e distanciamento são necessários, ou a crise terá proporções ainda maiores e aí não tem sistema de saúde que dê conta. Entretanto, o que eu sempre defendi foi o equilíbrio. Medidas de prevenção, atendimento eficaz na saúde, transparência na comunicação e manutenção das atividades econômicas. Temos que garantir o emprego e a renda, a sobrevivência dos negócios. Porque é ineficaz combater uma crise gerando outra, não é nada inteligente. Outro ponto que vejo é que não devemos politizar este assunto, isso não é bom para ninguém.
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